Pesquisar este blog

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Pêssego

 






Elas são a potencialidade frutífera
o delito, o delíquio e o deleite!
Fragilidade das quimeras
mera seda do pêssego ruborizado:
rosicler clarão!

Meninas ascendentes de Safo:
Espreitam o futuro
nova ilha de Lesbos.

A superioridade do amor
na poética grega
de toda mulher amada.

O peso da pluma no toque
pétala gêmea!
Feminina delicadeza
e a força masculina 
na refração do amor.

A extensão homoerótica
na frutescência do ser,
ao toque da rubra língua,
e a intumescência dos seios:
Estética do amor suave...

Poesia da ilha grega,
arrebol da liberdade,
nos pares de Lesbos:
À fina flor da menina
afina a flor do menino!

Tudo desabrocha:
tudo se abre...
tudo floresce...
tudo amadurece!

Elas sabem que a outra metade 
é o seu igual
como a metade de um pêssego
será sempre
pêssego!




Torres Matrice


12/02/96

sábado, 24 de janeiro de 2009

O Nome do Amor


1


Ouso sim:
sou assim.

uso e soul
o mais que
sôo

se é meu
mel ou mal
dou-não-dou
ou não o dôo

a ninguém
oculto o nome
o nome que é todo meu

tá na cara
tá no jeito
no trejeito
não rejeito

tá na veste
tá na voz
tá no visgo
tá em nós

no viés
e no convés
no convento
e no conviva
no convite
e no convir


2

Leia a lei que eu mesmo assino:
lei é a lei que eu mesmo traço
faço a linha e assino embaixo
nosso amor, macho com macho

eis, meu nome! eis meu rosto!

fêmea e fêmea:
femeeiro
um roçar de amor em pelo
é de fêmeas é de fome
um cantar tão femeado
assinando todo nome
nomeando todo rosto
fica assim posto o que é posto
o gosto que Deus me deu

se doeu de ser assim
meio-flor-meio-espinho
todo ele assim inteiro
assim mesmo
caminheiro
ser sozinho e ser à parte
que me importa o que me aporta?!
eu assino e faço gosto
leia o nome no meu rosto

tá aqui na minha cara
mas à tapa não me dou
não viro a face - ofício fácil
no vir à face encaro a ofensa
cara a cara: tête-à-tête

encaro e pago o preço
barato já não faço
nem pelica nem latex
nem jontex - dura lex
é a lei do meu desejo!

não se abate nem com flor
decepo a mão que me en.calça
que aqui não se me baste
o nome de todo amor

Ouso sim
o uso sábio
ser assim
ou ser assado
sou assim
assino a sina
eis, meu nome
assinalado

porque o amor é mais além



24/01/2009





sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Viagem das Mãos


A viagem das mãos:
Táctil amor tácito
intacto amor poroso-
à flor da pele -
imprime o gesto,
o calafrio-arrepio...

O Amor eriça o Prazer
atiça o desejo no beijo
ascende à fantasia
quando acende a luz do espírito
e aviva a brasa do coração
que desliza entre os lençois...

A viagem dos dedos
nas reentrâncias do corpo:
O pêlo, o apelo, o apego pela pele
o apuro nas pontas dos dedos.
A prestidigitação da amante e a ilusão do fogo:
Eros brinca na pirotecnia das amantes...
Bacantes entrelaçadas
alçadas às borilações
O falar lésbio na ponta da língua.

A viagem das digitais - mapa do delírio -
desbravando a geografia fêmea,
uma trilha rósea, úmida e quente.
A gentileza do amor cego
guiando as mãos, guiando os dedos
na leitura do sagrado, na poesia da pele:
anagliptografia - suor e pele.

- Rumo à safra em que me Safo
( o Amor diria )
eis a flor desabrochada!

Efêmera fêmea e fêmea...

Tocar o tesouro das gostosuras
as pedras brihantes, o olhar de amante,
a Safira - tocar safira...
Sáfica Safira safada!
Erétil herege,
o dedo alongado em fermata:
uma espiã na casa do Amor.

No ponto G do gemido
um oceano abunda
e transborda o momento
e rasga os lençóis e enxarca,
e obriga o corpo estérico e cansado
ao exausto, exangue, exaurido

SILÊNCIar



23/01/2008