íntimo re.verso:osrev.er omitní: O tempo confirma que o talento supera modismos e preconceitos. A História é senhora da razão. Duas pontas se unem , se juntam e se afirmam num acerto de contas com a memória, o respeito e a dignidade. Uma homenagem à Ângela Roro.

sábado, 24 de julho de 2010

O tempo confirma que o talento supera modismos e preconceitos. A História é senhora da razão. Duas pontas se unem , se juntam e se afirmam num acerto de contas com a memória, o respeito e a dignidade. Uma homenagem à Ângela Roro.

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Mário de Andrade

Libertário e destemido em sua escrita – famoso por protagonizar desvairadas noitadas boêmias –, manteve, durante toda a sua vida, uma penosa batalha contra sua própria sexualidade, fato que, vez ou outra, transbordava em sua obra ou nos comentários preconceituosos de seus contemporâneos.

Na literatura, a homossexualidade latente e sufocada é o tema central do conto Frederico Paciência – escrito durante quase 20 anos, entre 1924 e 1942, mas somente publicado em 1946, no livro Contos Novos, após a morte do autor –, que narra a relação de dois estudantes que trafegam entre a sensualidade e a mais devastadora culpa.

Na poesia, a passagem mais explícita de seus desejos está em versos publicados em 1937: ``Tudo o que há de melhor e mais raro / Vive em teu corpo nu de adolescente / A perna assim jogada e o braço, o claro / Olhar preso no meu, perdidamente”.
Sobre a discriminação, a nota lamentável fica por conta de Oswald de Andrade. Numa demonstração de que genialidade e homofobia podem caminhar lado a lado, Oswald, com quem Mário rompeu relações em 1929, afirmava, por exemplo, que Mário se “parecia com Oscar Wilde, por detrás” ou referia-se a ele como “Miss São Paulo”.

Vivendo em uma época em que a homossexualidade era um misto de crime e doença, não foram poucas as vezes que o próprio Mário se depreciava, definindo-se como um “indivíduo infame, diabólico” ou como um “vulcão de complicações”, possuidor de “uma assombrosa, quase absurda sensualidade”, uma “espécie de pansexualismo”, cujo aspecto heterossexual, ao que tudo indica, só se manifestou em amores platônicos, ou seja, nunca concretizados.

Elizabeth Bishop

Elizabeth Bishop, poeta americana de renome e grande respeito no mundo acadêmico literário.Embarcou num navio para o Brasil e veio morar na casa de uma amiga. Conheceu Lota Macedo e passaram a viver juntas, isto em 1951! Imaginem a coragem e a personalidade!!!
Os comentários na sociedade soltavam farpas e fogos. Enquanto Elizabeth vendia poemas e traduções para editoras nos Estados Unidos, Lota dividia-se entre as obras faraônicas no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro e as tarefas de esposa no sítio em Samambaia em Petrópolis. Elizabeth perdeu a fase da inspiração e começou a beber desbragadamente. Tornou-se intratável e egoísta, voltou para os EUA para lecionar numa faculdade, e conheceu Adrienne...o pomo da discórdia entre as duas.

Quando a Noite Cai

"When the night is falling" é uma linda narrativa,uma obra de arte, um filme meigo, doce, suave e lésbico. O título em português é "Quando a Noite Cai". Fala do processo de envolvimento entre uma artista de circo (Petra – interpretada por Rachael Crawford) e uma professora católica (Camille – interpretada por Pascale Bussières). O filme é muito bom, muito bem costurado, tudo feito com extrema leveza e o que aflora é o amor puro entre duas mulheres dignas. Decerto, o fato da história ser ambientada no Canadá pesa bastante pra que predomine esse clima de frescor matinal a cada segundo. Uma visão assim jamais poderia vir do Afeganistão. Contudo não precisa ir longe, aqui no Brasil também não seria tão leve. É tudo muito poético, muito chique, milimetricamente recortado e montado. A diretora Patricia Rozema conseguiu algo bem distinto: equilibrar pitadas de drama com pitadas de comédia, sem exageros estereotipados e ridículos. Tudo se desenrola em torno da sensualidade e de um erotismo de descoberta extremamente empolgante, algo que nos remete à agonia gostosa da adolescência, porém Petra e Camille já são adultas, maravilhosas e sabem conduzir a situação. Indico esse filme que é considerado por muitos o melhor filme lésbico.

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O tempo confirma que o talento supera modismos e preconceitos. A História é senhora da razão. Duas pontas se unem , se juntam e se afirmam num acerto de contas com a memória, o respeito e a dignidade. Uma homenagem à Ângela Roro.

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